MANIFESTO: A QUEM INTERESSAR POSSA

A Quimbanda Mussurumin no Templo de Kimbanda Domínio de Exu Marabô e Pombagira Maria Padilha, na Cova de Cipriano Feiticeiro & Cova de Tiriri

São Paulo, 09 de Setembro de 2025

Nguzo ê Quimbanda.

O Templo de Kimbanda Domínio de Exu Marabô e Pombagira Maria Padilha, a Cova de Cipriano Feiticeiro e Cova de Tiriri constituem templos vivos da Quimbanda, portadores das vertentes Nàgô, Malê e Mussurumim. Sua missão é perpetuar os fundamentos herdados por via legítima de transmissão iniciática, cultivando-os com a tríplice exigência da Honra, da Lealdade e da Piedade.

Nossas práticas assentam-se sobre o eixo da excelência e do aprimoramento constante, sustentadas pelo aprendizado contínuo e pela fidelidade entre confrades. Situados, respectivamente, nas cidades de Cachoeiras de Macacu, no Estado do Rio de Janeiro, Boituva e Bragança Paulista, no Estado de São Paulo, declaramos aqui, de modo claro e inequívoco, nossa posição diante das disputas contemporâneas em torno da Quimbanda Mussurumim.

A vertente de Mussurumim que praticamos e transmitimos tem raízes históricas no Rio Grande do Sul, onde nasceu sob o nome de Kimbanda de Mussurumin, e nos foi confiada por sucessão iniciática fidedigna. Não podemos, entretanto, compactuar com adaptações que, ao sabor de conveniências pessoais ou institucionais, deturpam fundamentos tradicionais, concedendo e retirando outorgas em desacordo com os princípios da herança espiritual. Assim, torna-se público e notório que a Quimbanda Mussurumim que praticamos não mantém qualquer vínculo com a Kimbanda de Mussurumin atualmente administrada sob outro nome e direção.

Reconhecemos que diferentes casas possam organizar seus trabalhos sob influxos variados, inclusive oriundos do batuque e de outras religiões afro-diaspóricas. Todavia, afirmamos com rigor: em nossas Casas, a Quimbanda Mussurumim é preservada e vivida em fidelidade aos seus próprios fundamentos, sem enxertos estranhos à sua natureza.

Nosso lema é a excelência total. Por isso, não podemos permitir que uma tradição tão digna seja confundida com práticas que, em nosso juízo, não refletem sua essência. Reafirmamos, assim, que a Quimbanda Mussurumim por nós praticada é distinta de outras formulações do presente cenário religioso, diferenciando-se em estrutura iniciática, na consagração coletiva das hordas, na linguagem ritual e nas ferramentas que lhe são próprias.

Declaramos, ainda, que não reconhecemos qualquer centralização ou papado: não há «Vaticano» na Quimbanda, tampouco papas ou hierarcas universais. Cada mestre, ao receber legitimamente sua maestria com a devida documentação e fundamentos, governa sua própria casa com plena autonomia.

Ninguém detém patentes sobre Exus, Pombagiras ou fundamentos tradicionais. Nenhum mestre possui autoridade para retirar àṣẹ ou revogar outorga já conferida a outro mestre, nem para impor regras fora de sua própria casa.

Assim, reafirmamos: a Quimbanda Mussurumim que se enraíza em nossas Casas é autônoma, legítima e fundada em princípios sólidos, distinta das formas contemporâneas que seguem outros caminhos.

Com àṣẹ, Lealdade e Honra, firmamos este documento.

Táta Nganga Kilumbu
Dirigente do Templo de Kimbanda
Domínio de Exu Marabô e Pombagira Maria Padilha


Tata Nganga Kamuxinzela | Mameto Mwanajinganga
Dirigentes da Cova de Cipriano Feiticeiro

Tata Nganga Zelawapanzu | Mameto Ngawakamu
Dirigentes da Cova de Tiriri


Faça o Download do documento oficial aqui.